*Por Federico Winer

O ´Barrabrava´ Ariel Pugliese causou polêmica ao ser visto como segurança de Messi antes de um jogo da seleção da Argentina. Foto: reprodução (momento24.com)

Já é de conhecimento geral que a Seleção Argentina chega com dúvidas por culpa de uma fraca atuação nas Eliminatórias e com o seu técnico Diego Maradona com pouco prestígio no cargo. Só que a primeira vergonha da equipe nesta Copa do Mundo não chega através do esportivo, mas sim através de uma ajuda descarada à auténticos delinqüentes para acompanhar o elenco alviceleste durante sua aventura na África do Sul. São os tristemente famosos ´barrabravas´ (facções violentas das torcidas organizadas do futebol argentino).

Para que se entenda melhor o problema, uma metáfora: é como se o governo dos Estados Unidos convocasse a Alphonse Gabriel ´Al Capone´ para apoiar o país nas Olimpíadas de 1936, em Berlim. Situação que só se consegue  explicar numa sociedade doente que permite a convivência entre delinqüentes funcionais e políticos sem escrúpulos. É o preço a ser pago por aceitar esses marginais como uma ´ferramenta´ mais e não como um câncer.

´Barrabravas´ em pleno confronto com a polícia, algo habitual nos estádios argentinos. Foto: Reprodução (www.taringa.net)

O certo é que para o argentino comum nada disso causa surpresa. Vários desses elementos são empregados de órgãos oficiais do governo (http://www.clarin.com/deportes/futbol/Barras-servicios-varios_0_272972787.html). Além disso, há tempos saltam todas as leis dos restos dos mortais e o governo  aluga um avião privado para que uns 400 exemplares desses energúmenos possam ver a Copa ao vivo.

Que essa coluna sirva para os que vêem o problema do lado de fora, sem estar ´contaminados´ pelo convivência com o tema. Não, não e não…muitos argentinos se envergonham de coração de que esses tipos mostrem as cores da bandeira diante das câmeras como se fossem seus representantes. E para a famílias dos mortos nos estádios, mais um motivo para indignar-se pela inoperância geral.

*Federico Winner é argentino, jornalista, residente em Barcelona. Foi durante anos correspondente internacional do diário Olé! e atualmente  chefia uma empresa de estatísticas de futebol em Barcelona.