Momento da ´saia justa´ da presidenta Dilma Rousseff e do fanfarrão Joseph Blatter. Foto: Photo Press/AE

O Brasil vive um momento histórico. Após quase 25 anos daquela Copa América conquistada sobre o Uruguai com um gol solitário de Romário no Maracanã , o eterno ´País do Futebol´ volta a sediar uma grande competição internacional do esporte mais popular do planeta. A Copa das Confederações teve início no último sábado com uma vitória da Seleção Brasileira por 3 a 0 sobre o Japão.

Mas a verdade é que o futebol ficou em segundo plano. O triunfo do Brasil sobre os japoneses obviamente encheu de orgulho um povo acostumado a grandes conquistas futebolísticas. Só que o orgulho maior veio de uma vitória que começa a ser construída aos poucos fora dos gramados. O Brasil dá a impressão de estar iniciando uma ´Primavera Árabe Tupiniquim´, o despertar do que pode ser o início de uma nova era.

O brasileiro está cansado de ser tratado como idiota e parece ter decidido dizer ´basta´ à corrupção e à criminalidade. Dois tipos de câncer que assolam um país que já deveria ser potência há décadas não só com uma bola nos pés. O estopim desse ainda projeto de revolução foi um aumento nas tarifas de ônibus de uma das principais cidades do país. Mas a coisa vai muito além disso.

Um fato frequente que atinge sempre o lado mais débil de uma sociedade perdida, sem saída. De uma população que quando decide mostrar sua indignação, recebe como resposta a truculência de uma polícia inútil, corrupta, que reflete à perfeição o perfil dos governantes de um país obrigado pelos mesmos a ser um eterno desastre. Sem que ninguém fizesse nada…até agora.

O povo voltou a se manifestar no último domingo, nos arredores do Maracanã. Foto: Estefan Radovicz O Dia/AE

Por tudo isso a vaia (que deu a volta ao mundo) para a presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, e ao presidente da Fifa, Joseph Blatter, merece ser muito mais celebrada que os gols de Neymar, Paulinho e Jô contra o Japão. Aquilo sim foi um gol de placa. O descontentamento com a qualidade de vida, ou melhor, da falta dela, superou todos os limites. E que o Sr. Blatter não volte a abrir a boca para pedir respeito à um povo cansado de sofrer. Justo ele, um dos maiores exemplos de ´marginal das altas esferas´.

É bem provável que a classe, ou melhor, a corja política do Brasil tenha visto essa vaia como um exemplo de falta de educação do povo brasileiro. Podem até ter razão, já que não existe investimento nesse contexto, o mais importante  – ao lado da saúde  – para o desenvolvimento de qualquer nação. Pois que sigam os protestos. São mais que legítimos. Assim como os gols de Neymar e Cia…e que essa seja conhecida como a Copa da Revolução.