O alto salário de Hulk no Zenit de San Petersburgo gerou indignação entre alguns dos seus companheiros de clube. Foto: Jorge Zapata / EFE

Na última quinta-feira foi encontrada uma bomba falsa no estádio do Zenit de San Petersburgo (Rússia) com a mensagem: ´Fora, Hulk´. Era um protesto contra o atacante brasileiro Givanildo Vieira de Souza – 26 anos – contratado recentemente pelo atual campeão russo por mais de 50 milhões de euros. Foi o mais recente capítulo de uma história de indignação pelo alto valor pago a um atleta que, apesar do preço, não está entre os três melhores jogadores da atualidade.

Tudo começou há quase uma semana quando o capitão do Zenit e integrante da Seleção da Rússia, Igor Denisov (28 anos), realizou duras declarações sobre a contratação de Hulk à revista russa Sport-Express. Segundo informações dos jornais russos, o salário do brasileiro seria de 6,5 milhões de euros ao ano, o que indignou Denisov. “Eu poderia entender se tivéssemos contratado Messi ou Iniesta, que merecem ganhar altos salários”, disparou.

Denisov recebeu o apoio do goleador do Zenit, Alexander Kerzhakov. Ambos criticaram também a contratação do belga Axel Witsel (23 anos), por 40 milhões. O Zenit não gostou da atitude dos atletas, que criticaram as operações realizadas pelo patrocinador da equipe, a empresa energética Gazprom. E enviou os dois jogadores à sua equipe B como punição.

Até o presidente da Rússia, Vladimir Putin, que é natural de San Petersburgo, deu a sua opinião sobre o assunto. “Uma vez mais venho criticar os dirigentes esportivos do meu país por esses gastos absurdos. Mas quero deixar claro que quem contrata os jogadores são as companhías e não o governo”, explicou.

O certo é que ninguém entende o critério utilizado nesse tipo de contratações. Muito menos o que há por trás de tudo isso. Nunca há claridade nesse tipo de negociações e muitas vezes nem os próprios sócios do clube entendem essas loucuras financeiras. Por mais que o futebol seja um mundo exclusivo, com suas próprias regras, são exageros com relação ao dinheiro que merecem uma melhor explicação. Ainda mais nos tempos de crise que assola a Europa.

Outros exemplos

O atacante brasileiro Hulk é o melhor exemplo da atual realidade do mercado do futebol mundial. O ex-jogador do FC Porto já mostrou seus dotes goleador na Europa, ganhou títulos e suas qualidades dentro de campo são de domínio público. Mas para valer 60 milhões de euros no conceito de muita gente teria que ter ao menos uma ´Bola de Ouro´ no currículo, o que não é o caso.

A situação está fora de controle. Os alemães do Bayern de Munique pagaram 40 milhões de euros ao Athletic de Bilbao – no passado mês de agosto – pelo zagueiro espanhol Javi Martínez (24 anos). Foi a contratação mais cara da história do futebol alemão. Algo surpreendente na Bundesliga.

O são-paulino Lucas foi vendido por 43 milhões de euros ao PSG. Foi o maior valor pago a um clube brasileiro em toda a história. Foto: Greg Salibian / Folhapress

O Paris Saint-Germain também entrou na dança dos gastos sem controle. Pagou ao Milan aproximadamente 65 milhões de euros por dois jogadores: o atacante sueco Zlatan Ibrahimovic (31 anos) e o zagueiro brasileiro Thiago Silva  (28 anos). Mas a contratação do meia do São Paulo, Lucas Moura da Silva (20 anos), foi a que mais chamou a atenção.  Os franceses pagaram por ele por 43 milhões de euros – aproximadamente 108 milhões de reais – e o atleta só se apresentará em janeiro de 2013.  Foi o maior valor pago por um jogador brasileiro.

A surpresa é que se trata de uma promessa que ainda tem muito o que provar. E os casos não param. O meia croata Luka Modric por 35 milhões de euros ao Real Madrid. O belga Eden Hazard ao Chelsea por 40 milhões….e por aí vai.