O colecionador de recordes

Certo dia, na temporada 2004/05 do futebol europeu, entrevistei pela primeira vez o lateral Sylvinho durante sua etapa no FC Barcelona. O jogador brasileiro vivia um bom momento naquela equipe que acabaria se convertendo no embrião do insuperável time atual do Barça. O bate-papo exclusivo foi realizado nas dependências do estádio Camp Nou, em Barcelona e durante essa entrevista um fato curioso chamou a atenção.

Num sofá próximo de onde estávamos, um jovem Lionel Messi com seus 17 anos aguardava tranquilo o fim  da conversa. Perguntei ao Sylvinho: – O que Messi está esperando? Ele respondeu: – Por mim. É que ele ainda não pode dirigir e quando acabe a entrevista vou lhe dar uma carona até sua casa.

O jogador brasileiro foi um dos primeiros ´conselheiros´ de Messi nos seus inícios. O argentino escutava com atenção o que o experiente lateral dizia. Acabada a conversa, Sylvinho fez um gesto indicando a Messi e me comentou: “Em pouco tempo, todos vão querer entrevistar esse garoto aí. É um craque e será o melhor do mundo”. Tímido, Messi ficou vermelho com o elogio do amigo.

Naquela ocasião, o argentino já era considerado um prodígio, mas ainda não contava com nenhum gol em jogos oficiais pelo time principal do Barça. Nem com carteira de motorista. Sete temporadas, três prêmios de melhor do mundo e 234 gols depois daquele dia, o tempo se encarregou de mostrar que Sylvinho tinha razão. Aos seus 24 anos de idade, Messi acaba de se converter no maior artilheiro do história do Barcelona e tem o mundo aos seus pés.

O craque argentino marcou três gols na vitória do Barça por 5 a 3 sobre o Granada, na última terça-feira, pela 28ª rodada da Liga Espanhola 2011/12 e superou o anterior recorde do lendário atacante César Rodríguez (232) como maior goleador em jogos oficiais com a camisa azul-grená. Um gênio que não se cansa de escrever a história recente do futebol mundial (Veja os gols da vitória do Barça em outra noite histórica de Messi).