O silêncio de Mourinho

Depois do primeiro duelo entre Real Madrid e FC Barcelona disputado no último sábado, no estádio Santiago Bernabéu, em Madri, deu para ter uma idéia do motivo que levou José Mourinho a não falar com a imprensa na véspera da partida.  É bem provável que ele quisesse evitar um possível constrangimento caso lhe perguntassem sobre o sistema tático que utilizaria contra o Barça.

Não dá para entender. O Real Madri precisava desesperadamente da vitória para seguir com uma remota possibilidade de chegar ao título da Liga Espanhola 2010/11. Então, para isso Mourinho colocou sete jogadores defensivos em campo. Algo absurdo típico de um técnico que não sabe jogar para ganhar e sim para não perder. No final conseguiu um empate em 1 a 1 diante do melhor time do mundo. E só.

Mas pelo visto era o planejado. A cena presenciada no Bernabéu foi umas das mais insólitas que vi no futebol. Os jogadores do Real Madri perderam o título da Liga Espanhola jogando em casa, diante do maior rival e no final celebravam não sei o quê com a torcida. Talvez o fato de ter levado 11 gols do Barça nos dois confrontos anteriores ao do sábado e somente um desta vez explique a euforia. Mesmo que isso tenha servido para botar numa bandeja o tricampeonato espanhol para o clube catalão.

O ex jogador e presidente de honra do FC Barcelona, Johan Cruyff, analizou a tática de Mourinho no primeiro combate contra o Barça nesta segunda-feira na sua coluna semanal do jornal ´El Periódico de Catalunya´.  Chamou Mourinho de “medroso”, entre outras coisas. E resumiu tudo perfeitamente numa frase: “O maior elogio que Mourinho poderia fazer ao Barça foi sua escalação do último sábado”.

As palavras de Cruyff deram muito o que falar ao redor do mundo (como sempre), mas nunca vi tanta verdade num único artigo. Nesta quarta-feira, José ´Ego´ Mourinho  Madri terá uma final de Copa do Rei diante do Barça. Ele até pode ganhar, claro que é possível. O Real Madri tem muitos craques para isso. O duro será ver uma equipe repleta de estrelas jogando outra vez como se fosse um time pequeno e covarde.