Messi mostra a camisa
Messi mostra a sua camisa ao mundo no Bernabéu

Dois fatores que definem a grandeza de Leo Messi são a sua imprevisibilidade e o talento para ser decisivo nos momentos mais sublimes. Ele nunca deixa de surpreender. Chegar aos 500 gols com a camisa do FC Barcelona em pleno Santiago Bernabéu, decidir o clássico contra o eterno rival no último minuto e devolver a liderança da Liga Espanhola à sua equipe é apenas um dos inúmeros feitos na carreira do genial argentino.

Outro momento solene. Uma atuação perfeita contra a violência desenfreada dos rivais e a hostilidade do público. Imortalizada no final da partida com a imagem quase religiosa dele parado diante de todo o planeta com os braços estendidos, mostrando sua camisa para qualquer um que ainda ouse semear dúvidas sobre o seu reinado no futebol mundial. E no dia de São Jorge, padroeiro da Catalunha, que tem a sua cruz presente no escudo do Barça. Virou santo…de novo. É o maior artilheiro dos clássicos, com 23 gols – 14 deles no Bernabéu.

Muitos insistem em compará-lo com outros jogadores, mas é o mesmo que colocar um grande compositor no mesmo patamar de Bethoven. Jorge Sampaoli – técnico do Sevilla – recentemente virou o autor de uma das frases mais originais sobre o assunto. “Comparar outros grandes futebolistas com Messi é como comparar um bom policial com o Batman”. Nessa linha, podia ter sido mais generoso e dito que Cristiano Ronaldo poderia até chegar a ser, no máximo, o ‘Robin’.

A atual temporada está longe de ser a melhor da carreira do argentino. Ainda assim, é mais que suficiente para estar a anos-luz dos outros. Até o momento, são 47 gols em 46 jogos. É o artilheiro da Liga Espanhola com 31 e lidera a corrida pela Chuteira de Ouro. Apesar de já não estar na Champions League, segue como o principal goleador da competição – com 11 gols. O que para muito é algo inalcançável, para ele é rotina. Soma oito temporadas consecutivas marcando, no mínimo, 40 gols.

Um ciclo interminável

Em setembro de 2005 entrevistei o lateral Sylvinho em um dos espaços reservados para esses fins no Camp Nou. A uns três metros de distância, sentado em um sofá, se encontrava um garoto de olhar tímido, em idade colegial, atento a todas as perguntas que fazia. Era Leo Messi, que esperava o brasileiro terminar a entrevista para pegar uma carona, já que ainda não podia (e nem sabia) dirigir.

Ao término da entrevista, o brasileiro que foi um dos amigos e conselheiros de Messi nos seus inícios, virou para mim e disse: – Em pouco tempo vai ter fila de jornalistas para entrevistar esse garoto. É um gênio, vai fazer história”. Tinha toda a razão. Sem dar muita importância à ‘profecia’ de Sylvinho, Messi me cumprimentou timidamente e foi embora.

Poucos meses antes, em um 1 de maio, o argentino tinha marcado seu primeiro gol como profissional do Barça, em um duelo contra o Albacete no Camp Nou, após uma assistência de Ronaldinho – o rei daqueles anos. Na época ninguém duvidava do talento daquela jovem promessa, mas era impossível prever qual seria o lugar dele na história do esporte mais popular do mundo. Porém, estávamos diante do início de um ciclo que está próximo de completar 12 anos e que não tem data para terminar.

Um período que serviu para que o argentino virasse um dos maiores gênios da história do esporte, com uma incomparável coleção de títulos coletivos, prêmios individuais e feitos históricos, como atingir a marca de 500 gols com a camisa do seu clube do coração no estádio do maior rival. Tudo isso há uma semana de um novo 1 de maio. Que venham muitos mais ao lado de Messi. O futebol agradece.